quinta-feira, 8 de abril de 2010

Teoria do Azar Cinematográfico Menino-Mulher-Protagonista

Olá Pessoal!
Sejam Bem Vindos ao meu Terceiro Post.

Atenção esse Post contém Spoilers de filmes.

Sabe aquele filme que você espera o ano todo pra ver? Aquele no qual você deposita toda a sua confiaça pensando, "esse vai ser um filme incrível", e de fato o filme se mostra assim.
Você vê a origem de um personagem enigmático, porém cativante, que te faz sentir simpatia extrema por sua causa e até reflete alguns traços de sua própria personalidade na tela do cinema.
Ele se envolve, por acaso ou por destino mesmo, numa trama intrincada, que você tem certeza, com suas habilidades, já demonstradas ao telespectador previamente, ele vai sair dessa fácil. E isso vai acontecendo.
O Herói está lá forte, em sua missão, sem dó nem piedade dos inimigos e de si mesmo, sacrifica sua integridade física pela causa na qual nós acreditamos. O filme está perfeito.

Até que entra em cena aquele menino, muitas vezes órfão, sofrido, absurda e completamente vulnerável a qualquer proposta, por mais absurda que seja, do vilão ou do seu capanga. Um menino muitas vezes atrevido, que também vê no herói simpatia, a salvação de sua vida patética. Esse menino é... simplesmente... um merda.

Você sabe. No momento em que o menino aparece, que, se o filme não estiver, com certeza o protagonista estará, pura e simplesmente, condenado.

Todas as habilidades, poderes, técnicas, sacadas, artimanhas, espertezas, força, rapidez, fluidez, sorte... tudo... simplesmente não será páreo para o desgraçado do menino que, no mínimo, se não matar ou aleijar, vai deixar a vida do herói, muito, mas MUITO MESMO, mais complicada.

Um exemplo clássico, e conhecidíssimo, deste caso é o filme Rambo 3, lembra desse? Meus amigos, quaaaase que, ninguém menos que John Rambo, morre por conta de um miserável de um menino que ainda por cima queria "A" faca de Rambo. Não contente, o pidão do menino ainda pede o "colar da sorte" de John, presente de sua "única" amada, morta, que ainda será citada no post. Dá pra acreditar na mala que o menino é? E lembrem-se, o pirralho logo que aparece já faz milhares de perguntas totalmente desnecessárias ao andamento do filme. "O que é isso? De que é feito aquilo? Pra que serve isso? Como se usa aquilo?" Dá um tempo. Por que vocês acham que o Rambo 1 é tão bom e fez tanto sucesso? Não existe nenhum menino.


Cena do filme Rambo 3: reparem no detalhe que
o garoto já está usando o colar da sorte de John Rambo.

Vocês podem estar pensando que foi um mero capricho do acaso. ENGANO! Aqui vão mais alguns exemplos.

A Procura da Felicidade.
Não seria muito mais fácil para o protagonista passar por todos os apertos que passou sem ter que carregar a mala que é aquele menino?

Cena do filme A Procura da Felicidade. O filho de Will Smith,
que a propósito eu odeio, dificultando a vida do pai.

Quer mais um? Ok! A Luta pela Esperança, além de Russell Crowe ter que lutar pra sustentar sua família, ainda entra em cena um menino, com fome, que vai fazer nosso herói deixar de comer para alimentar o menino, lutando assim com fome. Quer dizer que já não basta ser esbofeteado, ele tem que fazê-lo... com fome? Não seria mais fácil o menino esperar o pai, alimentado, lutar com forças e trazer dinheiro para casa? E detalhe, não é porque não tem comida para o menino, é que ele come o dele e depois quer o do pai.

Não se enganem pelo sorriso de Russel Crowe no filme
A Luta Pela Esperança, ele sorri para não chorar. Além de
tudo ainda tem que carregar nos braços três malinhas.


Pois bem, não pensem que acabou, pois outra pessoa que consegue disvirtuar o filme completamente é a mulher.
Sensual, linda, perfumada, delicada, apaixonante. Uma obra de arte de Deus... em casa. Longe da ação e da aventura dos filmes. Mulher tem muito azar em filmes, e seu charme invariávelmente levará a perdição do protagonista.
Quando ela é uma guerreira, como em Conan - O Bárbaro, ela até vai salvar o herói e dar a vida por ele, nesse caso o filme é Excelente, mas é minoria. Mesmo assim lembrem-se que mesmo nesse filme, com uma mulher guerreira, Conan quaaase se acaba no álcool.

Até o Cimério Conan quase sucumbiu a maldição cinematográfica
das mulheres, no seu caso a Guerreira Valéria, no filme Conan o Bárbaro.

Exemplo clássico Rambo 2. Aparece uma mulher que quaaase tira John Rambo do que ele faz de melhor, guerra. Tem condição? O cara já tinha até desistido de matar gente e já ia embora, não iria ter nem Rambo 3 nem muito menos o Rambo 4, somente o Rambo 1,5.

A agente indígena Co Bao. Se não tivesse morrido no filme
John Rambo teria desistido de salvar os P.O.W.s, desistido de
lutar e ido para casa. Rambo 2 iria ser um filme do gênero Drama.

Outro sensacional é o filme 007 - Cassino Royale. Lembrem que esta, na cronologia do Agente Secreto Britânico, é a segunda ou terceira missão de James Bond. Quem entra em cena? Vesper, uma mulher que parece aliada, mas na verdade é usada contra nosso protagonista e até está contra ele. Recordem que até fazer com que Bond assine sua demissão ela faz. Nada menos do que 20 filmes não existiriam se dependesse dela. E lembrem que as mulheres atormentam a vida de 007 faz tempo. Talvez seja por isso que ele troca de mulheres como troca de roupa.
Mas tudo se resolve com um artifício mágico usado pelos cineastas. Logo mais voltarei a 007.

A sedutora Vesper, conquista o coração de James Bond,
trai o agente secreto, que já havia assinado sua demissão,
depois se arrepende e comete suicidio, salvando assim toda
a série 007.

Nem De Volta Para O Futuro - Parte 3 escapa. O Doutor Emmet Brown, após acertar todos os detalhes de um plano que transforma uma locomotiva em força motriz para enviar o DeLorean a 55 milhas por hora para o futuro, tem que abrir mão de voltar para casa, pois aparece uma caríssima professora que faz nosso amigo Doc. ficar para trás e perder sua carona, tudo para salvá-la da morte certa ao tentar voltar para os braços do seu amado cientista depois de se arrepender de tê-lo abandonado.

A professora Clara Clayton atrapalha os planos de Marty McFly
e Dr. Emmet Brown, causando a maior confusão no final da terceira
parte da cinesérie De Volta Para O Futuro.


Sendo assim, caros amigos, não esqueçam dos filmes que não satisfeitos com o menino ou a mulher, combinam um menino e uma mulher para atormentar a vida do herói.

Caso clássico Eu Sou a Lenda. Simplesmente o nosso amigo Will Smith morre porque não tinha espaço na câmara do final do filme para salvar mais que duas pessoas. O que a índole de nosso herói o impõe a fazer? Salva o menino e a mulher e MOOOORRE. E lembrem-se de quanto tempo ele passa vivendo tranquilo em sua casa até que uma mulher aparece e leva a horda de monstros atrás deles.

No filme Eu Sou A Lenda, um menino e uma mulher,
dos quais nem lembro o nome, condenam a morte
"A Lenda" em pessoa.

Indiana Jones e o Templo da Perdição, esse é fantástico, pois nesse filme ele não tem somente um, mas DOIS piralhos e uma mulher para atrapalhar sua vida.

Em Indiana Jones e o Templo da Perdição, uma mulher
e dois meninos dificultam a vida de Indy. Fico devendo a
imagem do segundo garoto, que era um nativo prisioneiro.

Não esqueçam dos filmes em que o pirralho e a mulher se fundem numa única criatura, uma pirralha. Caso clássico Comando Para Matar. Nesse o nosso amigo Arnold, para salvar uma pirralha se mete numa guerra absurda e ainda por cima sozinho.

O Coronel John Matrix entra numa guerra, sozinho,
contra um exército para salvar sua filha Jenny, no filme
Comando Para Matar.

Mas quando tudo parece perdido para nossos heróis, entra em cena a ferramenta que tem o poder de salvar o filme da destruição total. A Morte dos coadjuvantes.
Essa sacada sensacional dos cineastas sela o destino dos meninos(as) e mulheres azaradas nos filmes. O único futuro pra eles, na visão dos cineastas, é a morte.
E dessa forma muitas são as mortes que devolvem aos protagonistas o ideal do princípio e sua causa, agora restaurada, retorna com força total. Aqui me arrisco a dizer que uma mortezinha até deixa nosso herói mais poderoso.

Vejam o caso do próprio Rambo 2. A morte da Agente Indigena Co Bao transforma o John em praticamente um demônio matador. Renovado após o enterro de sua amada ele se torna o que o espectador quer ver e sai detonando tudo. Pelo menos até Rambo 3...

O Agente Secreto Britânico 007, se torna quem é por conta da morte de Vesper, ele retorna para o MI6 e se transforma no James Bond que conhecemos hoje.

Dessas mortes nenhuma é mais significativa do que a que se segue. O que seria da Escócia se William Wallace tivesse vivido feliz para sempre com sua amada Murron MacClannough em Coração Valente? A morte dela simplesmente desencadeou a luta pela Liberdade da Escócia.

No filme Coração Valente a força motriz do revolucionário
William foi a morte de sua amada Murron.

Falando sério agora. Não sou machista de forma nenhuma, nem tão pouco odeio crianças. Na verdade esse Post é uma grande homenagem a filmes que marcaram minha vida. Fizeram parte de minha infância, adolescência e ainda são parte de mim. Nesses filmes acompanhei aventuras incríveis e senti emoções que milhares de outras pessoas também sentiram.

No entanto, pare um pouco pra refletir sobre como funciona essa coisa de cinema. Os cineastas, roteiristas, editores, produtores e diretores sabem que suas histórias precisam de reviravoltas para manter o interesse do telespectador pela película. Resumindo, quanto mais interesse, maior o envolvimento, e, quanto maior o envolvimento maior o lucro obtido com o filme.

Como não se mexe em time que está ganhando, a fórmula para se fazer filmes continua bem parecida ao longo dos anos e mesmo assim continuamos fissurados pelo cinema. É normal, pois cinema é a expressão de nossas vidas, sonhadas ou vividas, bem diante de nossos olhos para que todos vejam, e isso meus amigos, é delicioso.

Mas sei que a Teoria do Azar Cinematográfico existe, e sei que você, caro amigo, também pensou em vários filmes em que isso acontece, ou imaginou pensar em filmes em que isso não acontece. Eu duvido. Acontece em praticamente todos os grandes Blockbusters.

Compartilhe sua opinião, comente.

Grande Abraço a Todos. Até o próximo Post.


Atualização - 14/04/2010 - 22:35h

Acabei de assistir O Livro de Eli. Muito bom, por sinal.


Atenção Spoiler Forte! Só leia se já tiver visto o filme!



Se não viu o filme volte depois. Se já viu continue lendo!



No entanto ele só vem fortalecer ainda mais minha teoria. No filme, Eli, personagem de Denzel, é o cara. Ele é agil, forte, praticamente inatingível, tudo aquilo que falei de nossos heróis Eli é... ou pelo menos é até que conhece a jovem Solana, interpretada pela atriz Mila Kunis. Pois é amigos, observem que a missão de Eli é passar em segurança com a última Bíblia do mundo, sem chamar atenção até os confins do Oeste.

O Livro de Eli. Taí, mais uma que condena o herói. Solana
cumpre bem seu papel de mulher azarada. E tem mais,
ela termina o filme achando que é a própria "Elia".

E tudo seria cumprido não fosse a sem noção Solana, que na primeira oportunidade que tem dá com língua nos dentes e denuncia o segredo de Eli. Ele até tenta deixá-la para trás, mas Solana é persistente. O fato é que no final das contas o pobre do Eli, que vagou tanto tempo com o livro é baleado a queima roupa e morre um tempinho depois. Culpa de quem??? SOLANA. Mais uma azarada do cinema.

Mesmo assim, excelente filme. RECOMENDO!

Grande Abraço a Todos.
Até o próximo Post.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hard Game, Easy Life. Minha Vida de Videogames.

Oi Pessoal!
Bem vindos ao meu Segundo Post.

Este eu dedico especialmente a todos que um dia passaram algumas horinhas na frente da TV, ou nos fliperamas, ou ainda em locadoras, se divertindo e outras na frente dos pais explicando que Videogame não faz mal nem a TV e nem ao cérebro quem joga.

O Início

Como todo bom jogador de videogame a paixão pelo mundo virtual sempre tem um começo, e eu lembro bem de como a minha começou.

Eu ainda era muito pequeno, coisa de uns seis anos, quando meu pai trouxe para casa uma caixa com um equipamento estranho dentro. Lembro que ele me chamou e disse que era um Videogame emprestado de um amigo, Francisco Jardelino de Areia, e que ele deixaria uma semana lá em casa.

CLARO que eu já tinha ouvido falar de videogames, mas ver o DACTAR (genérico nacional do Atari) na minha frente foi algo que mudou minha vida. Meu pai me falou das fitas (cartuchos), que eram onde ficavam os jogos, e eu ficava maravilhado olhando. Lembro de uma fita branca, que eu achava a mais legal de todas, que tinha um joguinho de tiro ao alvo, e de todas as outras, com chaves para mudar o jogo e tudo o mais. Ao final da semana, que passei jogando, o estrago estava feito e o garoto (eu) nunca mais seria o mesmo.

 Olha uma raridade aí. Uma foto que meu pai me enviou recentemente
que eu nem sabia que existia. Eu e o Dactar.

Dactar, videogame genérico do Atari. Fez um bom sucesso no Brasil
e lá em casa principalmente.

Depois desse dia passei a pedir periodicamente um videogame só pra mim. Mas meu pai não podia reservar um dinheiro só pra isso e meu sonho ia sendo adiado. Durante esse tempo sempre que eu ouvia falar de amigos de meu pai que tinham filhos com videogame, o acompanhava em suas visitas aos amigos só pra ver de relance os videogames dos outros garotos, mesmo que estivessem desligados, eu achava o design deles sensacional. De vez em quando eu dava a sorte de chegar e ter alguém jogando, pronto, era a realização.

Nesse periodo cheguei a ver muitos modelos, o Atari de verdade, o Odyssey, o Phantom System, um tal de Nintendo, e depois um que fez muito sucesso no Show da Xuxa, um tal de Master System, que eu conheci e JOGUEI, na casa de um primo rico que morava em João Pessoa. Lá pude ver o jogo Black Belt.

Master System, o sonho de consumo de milhões de garotos.
Distribuído pela TecToy, no Brasil fez um sucesso absurdo.

Tudo que eu via, perguntava aos meninos mais velhos, e ia juntando informações sobre videogames, jogos e vantagens de cada um. Mas o tal do Master System me perseguia. Me recordo que no Show da Xuxa tinha um quadro em que os garotos ficavam numa Câmara isolada de som e gritavam SIM ou NÃO quando uma luz acendia. Ví muitos garotos ganharem os seus próprios videogames Master System assim. Vi também muitos trocarem um MASTER SYSTEM por uma caixa de fósforo ou coisa parecida. E eu enloquecia em casa. Gritava NÃÃÃÃOOOOO, mas os garotos falavam sim e perdiam.
Não aguentava, mudava de canal e eis que lá estava ele, Sérgio Malandro, abrindo uma porta dos desesperados e o que tinha lá dentro. Um Master System.

A Realização do Sonho

Lembro que quando íamos até o Hiper Bompreço de Campina Grande eu ia só pra ver o videogame. Não dava outra, lá estava ele na prateleira e eu implorando por um a meu pai. Pedi tanto, tanto, tanto...
... que ele cedeu.

No mês de Junho de 1990, na minha 3ª série do ensino fundamental, meu pai comprou duas fitas do Master.

Espera aí. Duas fitas? E o Videogame?

Pois é! Duas Fitas, nada mais, Choplifter e Grand Prix. Ele me disse que compraria o Videogame no final do ano quando teria um pouco mais de grana sobrando. Mas que levaria a fita pra me mostrar que estava falando sério.

Choplifter, um joguinho de resgate de soldados onde
se controla um helicóptero.

World Grand Prix, o primeiro cartucho que joguei
no meu Master System.

Pra mim era o suficiente. E eu passava horas só olhando e cheirando as fitas, até que um dia, pertinho do meu aniversário ele chegou. Meu pai cumpriu a promessa e me deu o Master System. Presente de Aniversário 18 de dezembro e Natal 25 de dezembro. Eu nem liguei. Tinha o meu Master System jogo na memória e pistola, e mais, eu tinha DUAS FITAS. Era sensacional! No tempo em que pirataria nem existia encontar um jogo em uma loja pra vender, era difícil, e por um preço acessível então, quase impossível.

Meu pai ligou o videogame, colocou Grand Prix e me ensinou que deveria ter o máximo de cuidado, pois esse era um equipamento eletrônico que merecia cuidados e o principal, era caro. Ele me disse que não era preciso apertar os botões com força e desde esse dia morro de raiva vejo alguém apertando os botões dos controles, de qualquer videogame que seja, como se fosse enfiar um prego na madeira com a cabeça do dedo.
O meu cuidado era tanto que eu guardava as fitas dentro de suas caixas originais dentro de uma caixa de isopor. No começo eu tinha que chamar meu pai quando queria trocar de jogo. Mas um dia escondido eu tentei mudar sozinho e consegui. Estava independente!
Depois vieram outros jogos, presentes de meu pai, além dos jogos na memória do videogame e dos secretos como Labirinto.

Foi um tempo de glória! No entanto a tecnologia passa rápido e novos videogames surgiam. O Mega Drive virou febre e começava a se falar de um tal de Super Nintendo, um videogame pouco conhecido que quase ninguém falava. Mas eu já era Mestre do Master... :| ... e já havia conhecido mais pessoas com o mesmo videogame em Areia. Foi nesse tempo que descobri que existia um tal de computador e que se jogava nele também. Foi através de um menino do colégio, um tal de Lulinha que era bem popular. Perguntei se ele jogava videogame e ele respondeu que jogava no computador, começava aí uma ampliação de horizontes jogabilísticos que falarei no futuro em outro Post.
Dos amigos que tinham Master joguei Alex Kidd, Rambo 3 - O resgate, Shinobi, e mais alguns jogos que ganhei de meu pai, Michael Jackson Moonwalker, California Games, E-Swat.

A Nova Tecnologia

Mas meu Master começava a caducar e eu já queria outro videogame. Com as condições financeiras melhores, meu pai concordou em vender o Master pra comprar em Salvador, num congresso que iria pelo trabalho, um Mega Drive. A Sensação. E eu seria igual aos outros garotos que também tinham um Mega e jogos para emprestar e pegar emprestado. Lulinha, Damy. Eu ainda não era tão amigo deles, mas me tornaria com o Mega. Foi quando meu pai ligou pra mim. Ele disse que já estava voltando pra casa e que na loja em que ele estava não tinha mais o Mega, só um tal de Super Nintendo, que o vendedor falava que era melhor que o Mega.

Mega Drive, videogame de muito sucesso no Mundo, no Brasil e,
principalmente, lá em Areia, onde conseguiu muitos adeptos.

E quem lá era esse vendedor pra saber de alguma coisa??? Eu queria o Mega. Mas pra não ficar sem nada concordei em comprar o Super Nintendo. Sabia que iria ficar isolado com mum videogame ruim que nunguém queria. Mas que engano o meu.

O Super Nintendo chegou com meu pai e com ele um mundo incrível de jogos com sons e imagens abusolutamente fantásticos. O Mega perdia espaço e o Super Nintendo lotava as locadoras de Areia. Eu estava à frente do meu tempo. Tinha o que todos desejavam e fui feliz assim.

O fantástico Super Nintendo, o último videogame que tive
antes da Era Laser.

As locadoras de Areia, mais precisamente a JES Locadora (Jucelino e Socorro Locadora), merecem um Post Especial.

Depois de um tempo maravilhoso, com o avanço da tecnologia, meu Super Nintendo foi perdendo espaço e eu me aventuraria pelas locadoras conhecendo o Mundo Novo com o 3DO, (Gex e Need for Speed), Saturno (Daytona USA e Worms), Playstation (Tomb Raider, Resident Evil), Nintendo 64 (Mario 64 e Mario Kart 64).

3DO, um videogame de pouco sucesso, mas que já possuia a
tecnologia laser, com jogos em Cd.


Sega Saturno, um videogame da Sega que rivalizava com o
Playstation da Sony, apesar de possuir excelentes jogos, seu
poder limitado de processamento e sua biblioteca menor que a
do rival da Sony foram suficientes para obscurecer seu sucesso.


Sony Playstation, o videogame de maior sucesso que vi em Areia.
Responsável pela abertura de várias locadoras e sucesso de games
como Tomb Raider, Resident Evil e Winning Eleven.

Nintendo 64, também de grande sucesso, mas sua biblioteca reduzida,
se comparada a do Playstation, e o preço de seus cartuchos, caros quando
comparados aos Cds pirateados do PS, o tornaram pouco acessível em Areia.


Nesse maio tempo os jogos de Computador tomavam conta de minha vida e eu já tinha o meu computador (Outra batalha que merece um Post). Adotei os jogos de computadores como os melhores, conheci amigos que jogavam em computador (Tassiano, Leandro, Elias, Valdiélio) e tive grandes aventuras que serão contadas.
Eu ainda cheguei a alugar diversos desses videogames, várias vezes, sozinho e com amigos.
Mas a universidade chegou, as placas de video 3d, GeForce, Grand Theft Auto Vice City e eu quase esqueci daqueles que me tornaram a pessoa que sou.

Até que surgiu ele em minha vida, depois de anos afastado do mundo dos Videogames, o XBOX 360. Ele possui gráficos tão bons quanto a de grande maioria dos PCs; execução prática de uma biblioteca enorme de jogos; joystick sem fio; não possui a necessidade de passar boa parte do tempo fazendo upgrades no PC para rodar um jogo novo, gastando uma nota, e quando terminar perceber que seu hardware já está ultrapassado. Me conquistou... mais uma vez.

Xbox 360, excelente videogame, vasta biblioteca de jogos,
tudo somado ao avanço da tecnologia e a popularização de
entretenimento para adultos.

O Desfecho

Os videogames sempre foram bons companheiros e tiraram de mim, vontades como o álcool, a vadiagem, as drogas e os maus costumes. Nunca me separaram do mundo real, de ótimas amizades, de aventuras incríveis com os amigos, da escola e de meus queridos pais.
Serviram como válvula de escape e alegria na tristeza muitas vezes. Guardo um carinho especial por todos os videogames que nunca me afastaram de ninguém, pelo contrário, me deram as amizades fortes que trago na vida até hoje.

A todos que nutrem o mesmo sentimento pelos bons e velhos videogames, aos Amigos do peito que se reconhecem e se identificam nesse Post, a quem quer que seja que um dia esteve na mesma causa, Parabéns. Todos fazem parte de uma Elite de garotos que hoje possui os mesmos hábitos de antigamente e são, ex-nerds ou não, pessoas admiráveis, confiáveis e de caráter. Filhos e Maridos dedicados. Mas que adoram uma boa diversão, limpa e saudável.

Grande Abraço a Todos e Até a Próxima.

terça-feira, 30 de março de 2010

Marcenaria de Quintal

Quem nunca deu uma de marceneiro de quintal? Talvez, para a geração de garotos de hoje, a internet seja o principal atrativo quando se fala em diversão e passa-tempo, mas para alguns de nós, um pouco mais velhinhos, quando conversas com vídeo era coisa de cinema Sci-Fi, e celular eram duas latas de leite ligadas por um barbante, muitas vezes nossos quintais eram o principal ingrediente da fórmula secreta da diversão.

Telefone de Lata, principal meio de comunicação dos
Marceneiros de Quintal.


Recolher Matéria Prima, muitas vezes destroços de eletro-eletrônicos e aparatos domésticos diversos, já era por si só pura diversão. Para aqueles que tiveram a sorte de morar em cidades pequenas e pacatas, como Areia, aventurar-se em territórios alheios em busca de aventuras era fator determinante na personalidade de 9 em cada 10 garotos com idade entre 8 e 18 anos. Essas aventuras por si só renderão um Post futuro.Diante do vasto mundo dos materiais abandonados, tudo que chamava atenção era motivo de exploração e valia a pena ser investigado aos detalhes.

E nesse mundo maravilhoso da criatividade TUDO pode ser aproveitado. As velhas havaianas, que tinham a mania de torar a correia, quando não eram reaproveitadas com um prego ou arame para segurar a correia, eram rapidamente recolhidas e transformadas em matéria de primeira para a confecção de pneus de carrinhos de madeira e lata. Latas de óleo eram aproveitadas e transmutadas em lataria de primeira qualidade na prensagem das partes metálicas dos carrinhos.
Sandálias Havaianas, largamente utilizadas na confecção dos
pneus de carrinhos de lata.



Carrinho de Lata, uma especialidade dos
Marceneiros de Quintal.


Já os guarda-chuvas eram muito mais versáteis, suas hastes eram utilizadas desde eixo de rodas de carrinhos até agulhas de zarabatanas feitas com espuma de colchões velhos e atiradas por meio de um super cano de PVC.

Guarda-chuva pronto para reutilização.

Eis que surge a nossa vista o maior material já inventado por Deus no suporte dos garotos marceneiros de quintal, a madeira. Oriunda das mais diversas fontes, desde caixotes de frutas como uva, pêra e maçã, passando por pedaços de móveis e camas até direto da fonte em árvores e arbustos, esse material, altamente moldável e ajustável era a base de quase tudo que queríamos inventar. Nele podíamos colocar pregos e parafusos, ou mesmo cortar e serrar, tudo dependendo unicamente da nossa vontade e de um fator determinante que falarei mais na frente, as ferramentas. Muitas vezes maltratada e utilizada por nós como alvo de tiros de nossa potente zarabatana, a madeira sempre foi fundamental.

Caixote de madeira, muito utilizado nas invenções domésticas.

Como nem tudo que reluz é ouro, comummente acontecia de pegarmos algo que depois de carregarmos durante todo o percurso se mostrava ineficaz ou mesmo era substituído por outro material mais adequado. Também era comum pegarmos algo que não podia ser pego, já tinha dono, que muitas vezes, quando encontrada dentro das imediações de nossas casas pertencia a nossos pais e estava em perfeitas condições de uso. Mas nós adorávamos desmontar e desmantelar. O que nos rendia alguns contratempos domésticos (um carãozinho, um castigo, ou pior...). E, algumas vezes ainda, pegávamos materiais demasiadamente perigosos, que nos renderiam uns ferimentos e arranhões a mais, ou mesmo mais contratempos domésticos (um carãozinho, um castigo, ou pior...).

Gaiola de Ferro, amplamente utilizada para domar, quando
necessário, os Marceneiros de Quintal.


Depois de reunida toda a Matéria Prima, eis que surge o grande problema: onde conseguir ferramentas? Quem tentou se aventurar como eu sabe que nossos pais não eram bobos. Eles sabiam que nós ficaríamos maravilhados com suas ferramentas reluzentes, tentaríamos utiliza-las e acabaríamos avariando aquilo que não deveríamos. Sendo assim eles separavam umas ferramentas "pé-de-chulé", aquelas acabadas e sem serventia, mas que eles achavam que em nossas cabeças acharíamos melhores que as deles. Pura ilusão... Onde um martelinho enferrujado e com o cabinho de madeira suja seria melhor do que aquele MARTELO TRAMONTINA, com cabo resinado e cabeça reluzente. Pois é... ao final de nosso dia de trabalho, cadê o martelo? Mais alguns contratempos domésticos (um carãozinho, um castigo, ou pior...).


Martelo Tramontina, altamente cobiçado pelos
Marceneiros de Quintal.


Não importa. No final o nosso suor e o resultado de horas de trabalho, sozinho ou acompanhado, sempre rendia a satisfação de saber que a nossa Obra de Arte serviria plenamente para...


... nada...


... a não ser para preencher nossos espíritos aventureiros e emprenteiros, ou para somar mais um brinquedo que usaríamos até anoitecer, ou melhor, até que nossas dedicadas mães nos chamassem para jantar, e que depois juntaria-se aquela pilha num quartinho separado por nossos pais especialmente para nossas artimanhas.

Talvez grandes inventores tenham sido Marceneiros de Quintal, talvez grandes idéias tenham surgido da cabeça de grandes garotos. Talvez... eu não sei. Mas que passar um dia inteiro vivendo como o que quer que quiséssemos era maravilhoso, isso era.

Bons tempos!